segunda-feira, 22 de junho de 2009

Case Empresarial: FEEDBACK EM E-LEARNING: POSSIBILIDADES E DESAFIOS


Resumo
Este trabalho científico é destinado à seleção de do 4º SENAED - Seminário Nacional ABED de Educação a Distância "Apoio ao Aluno para o Sucesso da Aprendizagem" de 09 a 11 de abril de 2006 - Brasília – DF. Ele discorre sobre o tema Feedback, abordando suas principais linhas e procurando auxiliar, tanto um educador a fornecer um feedback adequado, quanto ao aluno a recebê-lo e utilizá-lo de forma eficaz em seu aprendizado. Palavras-chave: feedback, EAD e aprendizagem. Palavras-chave: e-learning; feedback; aprendizagem eficaz.

1. Feedback: positivo, negativo ou neutro?Na verdade, um feedback pode ser de todos os três tipos. E nós, educadores,freqüentemente tentamos encontrar a resposta para mais uma simplespergunta: qual é a melhor forma de se fornecer um feedback? Podemosresponder de forma subjetiva e direta: depende do objetivo que o educadordeseja que o aluno alcance.Muitas teorias já foram elaboradas, mas, na verdade, o feedback perfeitodepende de muitas variáveis, tendo como a principal delas o alinhamento deexpectativas entre o aluno e seu professor.Todos nós fomos alunos um dia. E, em algum ponto de seu caminho com osestudos, alunos podem se questionar: porque recebi feedback tão negativo?Ou: o que esperam de mim? Independente de qualquer teoria, a resposta éapenas uma: a falta de um esclarecimento destas expectativas, podendo gerarum desvio do aluno dos objetivos daquele aprendizado. Seria como seprofessor e aluno falassem idiomas diferentes, levando o aluno à interpretaçãodaquilo que ele acha que o professor quis dizer.

2. Como posso classificar meus feedback?Há várias maneiras de se fazer um feedback eficiente. Para isso, só dependeda pessoa que está dando a resposta ao aluno e da maneira que ela quer queisso seja feito. Mas para cada estímulo também há uma resposta diferente.Abaixo apresentamos os tipos de feedback mais utilizados, não só no contextoeducacional, mas também empresarial.Feedback informal: é normalmente dado de forma oral, em uma conversacom o aluno ou o grupo de alunos. Em EAD normalmente é utilizada acomunicação por e-mail, fórum ou Chat, quando o professor/tutor dá umaresposta na discussão para estimular a participação ou corrigir o rumo.Feedback formal: nesta modalidade entram todas as avaliações, onde aresposta ao desempenho do aluno ou do grupo pode ser medida e muitasvezes o desempenho em uma parte do processo educacional influencia asetapas seguintes. Neste tipo de feedback se encontram todos os testes deaprendizado. Em EAD, o feedback formal é encontrado nas respostas aosexercícios de fixação, na avaliação final, nos medidores de desempenho.Feedback direto: direcionado a um aluno, a um grupo (sendo o trabalho degrupo) ou por conseqüência de uma determinada atividade/tarefa. O ideal,quando falamos de um ensino a distância, é que a comunicação sempreseja feita diretamente ao aluno, pelo seu desempenho. Isto se tornaessencial nos cursos com pouca interação, pois neste caso o aluno estásozinho no processo de ensino e algo direcionado ao grupo, do qual elepouco ou nada sabe, aumenta ainda mais a distância entre ele e oconteúdo.Feedback indireto: direcionado a toda a turma ou para avaliar odesempenho geral. Não menciona nomes nem tarefas específicas.Vale lembrar que um feedback pode, ao mesmo tempo, apresentarcaracterísticas de vários destes tipos descritos.

3. Onde foi que eu errei?
Em EAD, o feedback é essencial, pois todo o trabalho de ensino é centrado emum aluno que atua distanciado do todo. Assim, é mais difícil que ele própriosaiba se está seguindo no caminho correto do raciocínio e se o seudesempenho é ou não satisfatório. Neste caso qualquer resposta que eleobtenha funciona como um estímulo. É importante lembrar que, em muitoscasos, ele só é avaliado de acordo com a interação, seja ela com o ambiente,com o tutor ou com outros alunos.Encontramos alguns erros bastante comuns em EAD. Relacionamos esteserros abaixo:- feedback que tira a motivação, desestimula.O excesso de direcionamento pode atrapalhar mais do que facilitar a vida doaluno. Muitas vezes, ao tentar explicar demais ou dar respostas para todo oclique realizado, acaba-se, na verdade, tirando o interesse do aluno peloconteúdo. Neste caso, ele pode desviar a atenção para a interação (sem seatentar ao conteúdo) ou simplesmente desistir.- feedback genérico (repreensão ou elogio para todo o grupo)Um feedback mal direcionado tem efeito desastroso. Muitas vezes somostentados a mandar mensagens para todo o grupo, chamando para uma maiorparticipação ou para corrigir um procedimento que esteja sendo feito demaneira errada. Como já falamos acima, cada aluno está estudando sozinho,e interagindo com o seu computador. Alguém que esteja se esforçando, masrecebe a mensagem de que este esforço não é suficiente (por mais que nãoseja especificamente para ele), vai, antes de tudo, achar que, tendo sidocopiado na mensagem, seu desempenho não está tão bom assim.- Feedback que não agrega ao desenvolvimentoPode-se usar o feedback de acompanhamento para estimular a evolução aolongo do curso. É muito comum encontrarmos respostas como “Parabéns,você chegou à metade do curso”. Sempre que formos incluir este tipo deincentivo, precisamos pensar se isso é realmente necessário.- Falta de feedback:Muito comum em EAD, pois um feedback bem feito consome muito tempo.Neste caso, a falta de estímulo pode levar o aluno a abandonar o curso outreinamento no meio.

4. Em busca do feedback perfeitoO melhor feedback é aquele que é feito diretamente para o aluno e por cadatarefa/atividade realizada. É importante que ele tenha a segurança de sabercomo o seu desempenho está sendo avaliado e o que está sendo valorizado noseu progresso. Mesmo em um treinamento direcionado, a sua evolução já émerecedora de uma resposta.Nos casos, onde o curso é menos direcionado e especialmente quando o cursoé colaborativo, o feedback deve ser dado a todo momento para garantir aevolução de cada aluno e do grupo.

5. Desafios e possibilidades do EAD para o feedbackO feedback é apontado como um importante elemento para a aprendizagem independentemente da teria de educação que o embasa, embora existam diferenças substanciais na forma como é usado e no lugar que ocupa paracada diferente referencial teórico.Neste artigo, foi delineado o uso do feedback em e-learning. Também aqui, eleapresenta importância central no processo de aprendizagem, potencializandoos resultados e motivando o sujeito cognoscente. Pode-se identificar pontosfortes e um grande espectro de estratégias de feedback disponíveis parasoluções educacionais à distância. O uso eficiente do feedback permite ao“curso” estabelecer um diálogo através do qual o estudante interage com oobjeto de aprendizagem. Sem esta interação, a solução torna-se apenas umalista de informações publicada na rede.Ambientes de e-learning comportam diversas estratégias de feedback, devendoexplorar ao máximo este recurso de aprendizagem no sentido de uma maioreficiência. Sabe-se que o feedback imediato é mais produtivo no ajuste da açãoe na facilitação do entendimento do aluno, evitando que conceitos seguintessejam construídos sobre interpretações incorretas. Ambientes à distânciapodem facilmente gerar feedback imediato.Bons ambientes presenciais de aprendizagem permitem e estimulam parceriasintelectuais. No caso do e-learning, parcerias podem ser estabelecidas atravésde fóruns ou outros ambientes de discussão. Estas estratégias devem ser cadavez mais utilizadas, pois, mesmo à distância, possibilitam um ambiente rico eminteração, com variados tipos de feedback, e, portanto, ambientes deaprendizagem produtivos e motivadores. Segundo Young[1], alunos aprendemcom os computadores e não dos computadores. Rancière[2] parece terchegado a uma conclusão semelhante quando afirma que os alunos interagem,experimentam e aprendem a partir do contato desejante com os objetos deaprendizagem e seus parceiros. O professor, então, é um terceiro facilitador,referência desse vínculo desejante frente à aprendizagem. Assim, pode-sedizer igualmente que os alunos aprendem com os professores e não dosprofessores. A interação e o feedback dado a partir da experiência e dasconstruções dos alunos são então essenciais.Podem ser identificados, no entanto, alguns desafios no sentido depersonalizar, contextualizar e gerar estratégias de feedback formativo, ou seja,ao longo do processo de aprendizagem, acompanhando o fazer do aluno.Muito ainda tem que ser desenvolvido neste sentido. Para tal, é necessáriocriar novas estratégias e desenvolver tecnologias que dêem suporte àsmesmas. Ambientes de aprendizagem baseados na comunicação interpessoalsão ricos em interação de diversas ordens, provendo o sujeito de feedback dediversos tipos, a todo momento e de modo personalizado e contextualizado.Se, no ambiente de aprendizagem presencial, podemos identificar essa riquezade possibilidades de respostas às diversas ações dos alunos, não apenas aofinal da tarefa, mas também durante a ação, o mesmo nem sempre é possívelem e-learning. Esbarramos aqui em limitações tecnológicas. Este parece serum dos desafios dos cursos à distância em termos de feedback. Para proverfeedback ao longo das ações do aluno seria necessário acompanhar cada açãoe interpretá-la.Outra questão importante é a contextualização do feedback. No ensinopresencial, é possível acompanhar as ações do sujeito, interpretar, entender alógica que as embasa e dar respostas contextualizadas, gerando sugestões eintervenções construtivas para o aluno, que pode ajustar suas ações ao longodo processo de aprendizagem. Em ambientes de e-learning, este aspecto ainda precisa de atenção por parte dos especialistas. Estudos têm sidorealizados neste sentido, buscando, a partir da criação de históricos de erroscometidos, freqüentes ou não, e do mapeamento de caminhos alternativos paradesenvolver questões ou solucionar problemas propostos, dar resposta àsescolhas dos alunos imediatamente e durante suas ações, interferindo ao longoda realização das tarefas e do processo de aprendizagem.Outro ponto a ser lembrado é o da personalização do feedback, comum emambientes baseados na comunicação interpessoal, mas desafio em educaçãoà distância. Em ambientes presenciais, a própria “aula” recebe feedback dosenvolvidos. Frente às demandas do grupo, é possível fazer interferências noambiente e em cada um de seus elementos, permitindo a adaptação epersonalização deste às necessidades e características dos envolvidos. Em elearning,isto nem sempre é possível, sendo necessário que o desenho docurso antecipe as necessidades e demandas, tornando essencial conhecerbem e antecipadamente o perfil dos cursantes.

6. ConclusãoPode-se concluir que a interação multifacetada entre parceiros deaprendizagem, conteúdo, funcionalidades do curso, mídias, tutores, mentoresetc. têm apenas a contribuir para a construção de ambientes de aprendizagemricos e eficientes. Não podemos ou devemos abrir mão de nenhum elementodesses em educação à distância. Devemos investir, portanto, na criação denovas estratégias e no desenvolvimento de tecnologias que as suportem.Nossos desafios estão no sentido de ampliar a presença de feedback formativonos programas à distância, assim como na contextualização e personalizaçãodo mesmo.

TCC404815 de fevereiro de 2006Carla Beurlen, Maria Flávia Coelho, Julia KenskiQuickmind - Tecnologia em ConhecimentoAv. Presidente Wilson, 228 13º andarCentro – Rio de janeiroTel/fax: (21) 2524 2956
carla.beurlen@quickmind.com.br; mariaflavia.coelho@quickmind.com.br;
julia.kenski@quickmind.com.br
C - Métodos e Tecnologias
4 - Educação Corporativa
C - Modelos de Planejamento
Referências
[1] L. Young, “Bridging Theory and Practice: Developing guidelines to facilitate
the design of computer-based learning enviroments”, Canadian Journal of
Learning and Technology, 23(3), 2003.
[2] J. Rancière, “O Mestre Ignorante: cinco lições sobre a emancipação
intelectual”, Rio de janeiro: Editora Autêntica, pp. 1-2, 2004

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